- Certo dia acompanhava uma entrevista e em determinado momento a pessoa considerou complexa a missão de dizer quem ela era num curto espaço de tempo. Isso me fez refletir! Até pouco tempo atrás a base de uma boa apresentação, nada mais era que o nome seguido da profissão ou formação acadêmica de determinado indivíduo. Ao analisar o entrevistado me identifiquei e conclui que a dificuldade por ela apresentada era na verdade uma manifestação. As pessoas hoje não querem ser vistas apenas pelos cargos que ocupam ou os diplomas que carregam, porque esses são apenas uma das muitas vertentes que temos ou somos.
Demonstrar a pluralidade de um indivíduo talvez seja uma das heranças construída pela geração Millennials, afinal, a busca por identidade sempre foi uma das nossas dores, nunca fomos do tipo que aceitamos os padrões estreitos que a sociedade queria nos encaixar… Porque me apresentar apenas como engenheira se também posso falar sobre poesia, viagens, cores e música, ou porque me aborrecer quando digo às pessoas que sou músico quando o que recebo de volta são olhares atônitos como de quem diz, mas você não tem um emprego?
Vivemos a era da abundância em todos os sentidos, assim fica difícil aceitar os pré conceitos binários que ainda são impostos a nossa geração e muito mais difícil será para as gerações futuras.
Gosto de fazer alusão ao magnífico conto de Guimarães Rosa “A Terceira Margem do Rio”, quando o sujeito pega sua canoinha e encontra um cantinho no rio do qual não o torna participante nem de um lado nem do outro, é uma nova margem, um outro olhar… Este lugar proporciona uma nova forma de enxergar a vida, é romper a barreira do binário e mergulhar num mundo plural, onde o mundo não é mais dividido em dois, mas em muitos e onde há espaço para diversidade.
Vejo nas próximas gerações a grande oportunidade de corrigir as limitações que nos foi imposta… As mulher por exemplo, um relatório divulgado por Women in the Workplace em parceria entre LeanIn.Org e McKinsey & Company mostra que apenas um em dez líderes seniores é mulher, e que se as mulheres fossem promovidas na mesma proporção que seus pares do sexo masculino, o número de mulheres nos níveis SVP e C-Suite seria mais do que o dobro. Esse é apenas um dos exemplos.
Evidente que ainda não temos soluções para tudo, mas vejo jovens dispostos a contribuir na evolução da humanidade. Essa galera está exposta à novas realidades, diversidade e a questões que se sobreponham o conformismo…Nossa grande responsabilidade é que essa exposição alcance a todos, e que seja feita com qualidade de forma que provoque mudanças. E podemos nos apropriar da tecnologia para garantir essa conexão. Como diz Barbara Rezende “Acredito na inspiração através do compartilhamento”
E nós do Voicers também.
