Yuval Noah Harari afirmou em seu livro Homo Deus, uma breve história do amanhã, que o século XXI será marcado pela luta contra a velhice e a morte. Segundo dados de pesquisa essa previsão está muito próxima de se tornar uma fato.

Para o escritor Jean-Pierre Fillard, autor do best-seller “O homem sobreviverá à ciência?” e “Longevidade no mundo 2.0: centenários se tornarão um lugar comum?”, não há mais dúvidas sobre a questão.

” Todos nós temos o poder de nos tornarmos centenários…”. Jean-Pierre Fillard

Segundo o autor, os avanços tecnológicos entre os séculos 20 e 21, nas áreas de genética, biologia, inteligência artificial e “big data”, elevaram a saúde a um novo patamar, sendo que o fenômeno da longevidade mudará completamente o perfil da sociedade. Fillard dá um passo além e provoca: talvez estejamos no limiar de boa parte da população se tornar centenária, uma condição que, até agora, está restrita a poucos indivíduos, a maioria favorecida pela genética.

Big Tech é a Medicina do Futuro

Outro nome que acredita que estamos entrando na era dos centenários é Peter Diamandis, cofundador da Singularity University. Em seu mais recente livro – “The future is faster than you think” ( em tradução livre: O Futuro é mais rápido do que você imagina), ele afirma que uma das forças do Futuro é o aumento da expectativa de vida. Para Peter, os cuidados com a saúde representam o maior negócio do mundo, que deverá ser de domínio das grandes empresas de tecnologia. Big Tech é a medicina do futuro.

Embora tenhamos uma boa expectativa de sermos a geração dos centenários, há alguns desafios que precisamos vencer. Na última edição da Folha de São Paulo, uma coluna apresentou a seguinte problemática: “Envelhecer em um país desigual é ruim para todos”. Na matéria, Alexandre Kalache, presidente do centro internacional da longevidade (ILC), traz dados que apontam o crescimento da desigualdade e desemprego no Brasil, e como isso pode afetar diretamente a questão da longevidade.

“Quem sustentará um país que em breve terá mais avós que netos?Como envelhecem os jovens de hoje que nem estudam nem trabalham. O número de desempregados desalentados atingiu níveis recordes mesmo antes da pandemia – e continua aumentando. Trabalho precário, no setor informal, sem proteção social, condena milhões de cidadãos com 50 anos ou mais à vulnerabilidade, é o que afirma Kalache.

longevidade uma crise irreversível?

Enquanto os grandes estudiosos afirmam que a 4ª revolução industrial será a maior aliada na busca pela imortalidade, Alexandre afirma que milhões de brasileiros ainda não se beneficiaram das inovações das três primeiras revoluções. Os brasileiros podem até ter um smartphone na mão, mas os pés estão no esgoto, inexistente para mais da metade da população.

Finalizando, Kalache afirma que os países desenvolvidos primeiro enriqueceram para depois envelhecer. O Brasil está rapidamente envelhecendo em um contexto de pobreza e intolerável desigualdade. A falta de políticas vigorosas e urgentes, corremos o risco de transformar a grande dádiva dos últimos cem anos – a longevidade – em uma crise irreversível.

Qual desses possíveis cenários viveremos em um futuro muito breve? Ainda não temos a resposta, o bom é que não precisaremos contar com a sorte e esperar pra ver em qual dos lados a moeda cai. Será nosso posicionamento, debates e cobranças de hoje, que definirão quão boa ou não, será nossa longevidade amanhã. Porque centenários, isso seremos com certeza.