Estamos Todos no Mesmo Barco e não há Tempo para Lamentações

Estamos Todos no Mesmo Barco e não há Tempo para Lamentações
Estamos Todos no mesmo barco - imagem pixabay

Texto de Claudia Nascimento

“O que as pessoas seriam se pudessem fazer exatamente aquilo que as deixam felizes?”

Antigamente não se questionava muito realização porque ela era mais conhecida como ganhar dinheiro, então quando a gente pesquisava profissões sempre vinha junto se era uma área muito saturada, com boas chances de nos tornar independentes e bem de vida ou não. Bem de vida era alguém que conseguia ter sua casa, carro e contas pagas com seu suor.

Agora outro extremo que é só fazer o que gosta e acredito que muitos dos jovens nem saibam do que gostam. Autoconhecimento não cai do céu como uma epifânia, é necessário encontrar-se com o que não gosta pra desbravar esse caminho e muitos não fazem isso e por consequência não fazem nada.

Mas quero escrever sobre a fala de uma amiga que me despertou pra esse assunto (propósito), tão falada hoje em dia. Estávamos conversando sobre sonhos (sim, avós tem sonhos), somos de épocas próximas, ela adora artesanato e é muito boa em tudo que faz. Disse-me: “meu sonho é poder ensinar muitas pessoas a fazer coisas lindas a partir de muito pouco pra que pudessem doar ao Hospital do Câncer.” Perguntei se elas vendiam e me explicou que para distrair famílias e pacientes as voluntárias fazem bingos e precisam de prendas para distribuir o que nem sempre é possível.

Fiquei pensando o quanto de pessoas como ela, eu e tantas outras e outros gostariam de realizar sonhos que envolvem fazer mais gente feliz e o quanto isso impactaria o mundo. Decidimos que vamos fazer vídeos com pequenas aulas de artesanato com materiais muito baratos e comuns. Nunca fizemos vídeos, nem eu e nem ela. Mas pensei que afinal tudo que aprendo sobre tecnologia tem que desaguar em benefícios, caso contrário nem saio mais da cama.

Então me veio esse pensamento inquietante: se todos pudessem fazer o que sabem e gostam como seriam nossas vidas?

Certa vez Ligia Zotini(fundadora do Voicers), disse que as máquinas já fazem e vão fazer cada vez mais todo trabalho que é desumano. Eu entendi que desumano não porque tem condições precárias, mas porque impedem o executor de crescer e se descobrir e inventar, criar, pensar e encontrar soluções para seu mundo.

O problema, é que a maioria não sabe por onde começar, tipo minha cachorra que nunca andou na rua sem a guia e quando se vê solta paralisa porque não sabe o que fazer. Mas as pessoas não se soltam pra tentar porque no inconsciente ficou a fala de mães, pais, professores que nos ensinaram que não era bom inventar. Afinal se há anos era feito daquele jeito então era o melhor jeito de se fazer e ponto.

Aprendemos que você só é alguém “bem de vida” se tiver um bom emprego em uma boa empresa ou for concursado, o que significa não ser demitido jamais. A equação é simples: ou você trabalha na empresa ou se torna dono de uma.

Como vamos ensinar as pessoas com mais de 50 anos, que hoje em dia empresas nascem e morrem ou são vendidas e absorvidas ou mudam tanto pra acompanhar o mercado que se tornam irreconhecíveis? Quer um exemplo? A Ford fechou uma unidade inteira que não dava lucro pra investir em software. O quê? Sim, os automóveis do futuro (tipo uns 10 anos) serão computadores sobre rodas, provavelmente não terão um dono único, pagaremos pelo uso e quem ficar só produzindo carros tentando entubar nos clientes vai morrer.

Vamos pensar na nossa infância: o que mesmo você sonhava ser? O que aprendeu esses anos todos no seu emprego? Quais suas competências? Em que elas podem ser aproveitadas? Esqueça o guia, vamos encontrar nosso lugar nesse mundo e parar de esperar do governo, das empresas, dos filhos, marido e amigos, ajuda. Estamos todos no mesmo barco e não há tempo para lamentações. Então faço minhas as palavras do Barack Obama: “você é a pessoa que estava esperando pra mudar sua vida”. Sim, eu sou.

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