Um dia, durante uma caminhada por Buenos Aires, nesses momentos de descanso em que se tem tempo de reparar na cidade ao redor! Notei que ninguém sorria. Quando chamei a atenção do amigo que me acompanhava no passeio, ele também ficou surpreso. Faça esse exercício e provavelmente o resultado será semelhante. Quase ninguém está sorrindo.
Radical e contestador, o documentário brasileiro Tarja Branca afirma:
“A máquina da sociedade, organizada do jeito que está, precisa que uma fatia considerável das pessoas tenha de fazer coisas que não goste durante 8 horas por dia para que o mundo funcione”.
E joga uma luz neste mundo de escassez de tempo, escassez de espaço e escassez de tudo em um lugar onde “não há saídas, somente ruas e avenidas”.
O filme entrevista o artesão Hélio Leites, que conta como passou 25 anos carimbando cheques devolvidos de pessoas que não conhecia. Até descobrir que podia sair do banco e fazer o que gostava.
Falta sorriso nas ruas. As pessoas precisam brincar mais. A brincadeira é um assunto profundamente sério. Uma pesquisa da Universidade Harvard sobre as sinapses do brincar mostra que criar um brinquedo prepara a criança para desenvolver estratégias quando adulto. Mais ainda, a concentração empregada numa brincadeira é do mesmo tipo que será usada no trabalho.
A Terceira Inteligência
Um estudo polêmico, liderado pela Universidade de Oxford, aponta a existência do quociente espiritual. Vem sendo chamado de “a terceira inteligência”, que harmoniza intuição, criatividade, racionalidade, valores éticos e crenças. É ela que abre novas portas de conhecimento para assuntos e atividades que envolvam mais do que dois seres humanos; prova que não basta ser um gênio em finanças ou gestão se não souber lidar com emoções e sentimentos.
Reserve um tempo diário para sorrir, esvaziar a mente e meditar. Invista alguns minutos para estimular as sinapses do brincar e explorar o quociente espiritual. Enquanto isso, vou ser como o Feijó, personagem de Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa — “hoje se faz o que não se faz”.
Sorrir e Mudar o Velho Mundo dos Negócios
E, como uma criança, apoiarei o copo na parede e escutarei uns barulhos estranhos, que eu sei, são os velhos paradigmas caindo, para erguermos o novo. Bora lá brincar, sorrir e mudar o velho mundo dos negócios? Bora lá!
Ps: Artigo escrito para a Revista Você S.A em Julho de 2015.
Escute a minha coluna na BandNews sobre o assunto – É possível unir a tecnologia com a brincadeira?
Texto originalmente publicado no LinkedIn