Automação Total?

Automação Total?

por Ligia Zotini

Pesquisa do Ipea mostra quais são as probabilidades de diversas ocupações serem substituídas por robôs – e acende o alerta para que os profissionais se desenvolvam continuamente

Em agosto, fui convidada a analisar a pesquisa “Na era das máquinas, o emprego é de quem?”, do Ipea, que traz uma lista de trabalhos que serão automatizados – e quais são as chances percentuais de que isso ocorra. Qual não foi a surpresa quando funções como Gerente de Marketing e Engenheiro Eletrônico apareceram com 100% de automatização. Não preciso dizer que foi um alvoroço e a primeira pergunta que surgiu foi: como profissões como essas serão completamente automatizadas?

Fiz o que pesquisadores gostam de fazer: segui a trilha dos dados. Depois de descobrir que 54,45% dos empregados formais na Classificação Brasileira de Ocupações (CBOs) têm probabilidade de automação alta, cheguei à raiz dos dados responsáveis pelo 100% acima. A pesquisa do Ipea se baseia na lista de CBOs que foi escrita em 2002 – o que quer dizer que as descrições dos cargos são referentes a uma realidade de 17 anos atrás, quando estavam surgindo as economias digitais e as profissões tinham, em sua grande maioria, características “cognitivo-rotineira”, ou seja, as pessoas faziam parte do trabalho que as máquinas aprenderam a fazer.

Se você migrou de 2002 e seguiu se desenvolvendo à medida que a tecnologia avançou, você não será esse gerente de marketing ou engenheiro eletrônico substituído por robôs. Agora, se o seu trabalho, hoje, é muito parecido com o seu trabalho de uma década atrás e você passa muitas horas do dia fazendo tarefas que uma máquina poderia fazer, é preciso, urgentemente, atualizar o seu desenvolvimento.

Estamos num momento de mudanças profundas em nossas profissões. Poucas delas, no entanto, irão desaparecer totalmente. Mas a maioria será caracterizada por parcerias entre humanos e máquinas, pois a tecnologia irá facilitar as mais diversas funções do dia a dia.

A pesquisa do Ipea não deve ser interpretada como alarmista, mas deve impulsionar os profissionais a se desenvolver como humanos – pois isso será tão importante quando o desenvolvimento das tecnologias. A automatização não é uma ameaça de desemprego, mas uma oportunidade para nós promovermos aquilo que fazemos de melhor. Afinal, o que a máquina executa melhor do que o homem é, no fundo, um trabalho desumano. Ou, na melhor das hipóteses, um trabalho que não é para humanos.

Para checar a probabilidade de automação da sua profissão, acesse: bit.ly/consulta_automacao

Texto publicado na revista Você S/A

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Ligia Zotini Mazurkiewicz

Tem o dom de fazer pontes entre teoria e prática, apaixonada desde muito cedo por tecnologia e como ela irá levar a sociedade para um patamar mais humano, para isso ela hackeia burocracia de sistemas antigos onde quer que esteja. Viajante nas horas vagas gosta de explorar cada canto & encanto deste mundo.